Dia Internacional da Educação: como melhorar o ensino no Brasil?

1 de maio de 2020

O Brasil segue mal colocado nos principais indicadores da Educação. No dia 28/04, Dia da Educação, o NOVO publicou o texto abaixo com um diagnóstico da situação, apontando a direção de algumas soluções necessárias.

 

 

Para o NOVO, a base dos nossos problemas está profundamente ligada à baixa qualidade do ensino básico, que historicamente nunca foi uma prioridade do Estado brasileiro.

 

Um estudo do Nobel James Heckman mostrou que quanto mais cedo investimos na educação dos jovens, maior o retorno ao longo de suas vidas e para a sociedade.

 

Porém, o Brasil segue entre os últimos lugares nos 3 critérios (matemática, literatura e ciência) do PISA, o ranking internacional da educação básica. Cerca de 43% da população brasileira acima dos 25 anos não completou o Ensino Médio. Dos que terminaram o ensino médio, quase 93% não têm noções básicas de matemática. Quase 27% dos brasileiros entre 15 e 64 são analfabetos funcionais.

 

 

O problema começa cedo, no ensino infantil, que é a base da formação cognitiva e garante as ferramentas de aprendizado para as crianças. Mesmo assim, 70% das crianças entre 0 e 3 anos não estão nas creches.

 

Atualmente, o governo gasta 3,7 vezes mais com um aluno do ensino superior do que com um aluno da educação básica. Nos países desenvolvidos essa média é 1,7 vezes. Nossos investimentos totais em ensino superior estão em linha com os gastos europeus. Já no ensino básico, gastamos como nossos vizinhos da América Latina.

 

A probabilidade de um jovem com renda familiar per capita de R$250 ao mês estudar em uma universidade pública é de apenas 2%. Para os jovens cuja renda familiar per capita é de R$20 mil mensais, essa chance salta para 40%. Os estudantes de famílias relativamente mais ricas estudam em escolas de ensino básico superior ao das escolas públicas e têm maior facilidade de passar no vestibular de universidades públicas. Já os de ensino básico público, recebem um ensino, em média, ruim e muitas vezes não conseguem aprovação no vestibular.

 

Faltam recursos, mas também falta gestão. Apesar do aumento das verbas para educação, entre 2012 e 2016, o Brasil caiu 7 posições no ranking internacional de educação básica, ocupando as piores colocações.

 

Aproximadamente 74% dos municípios escolhem diretores escolares por indicação política. Nossos alunos ficam, em média, apenas 4,5 horas por dia na sala de aula, enquanto em países desenvolvido, varia entre 6 e 8 horas. Com mais tempo na escola, os alunos podem aprender mais e se preparar para um futuro com mais oportunidades.

 

 

Os professores devem ser valorizados. Acreditamos que a base curricular da formação dos professores deve ser direcionada à metodologia e à prática do ensino, não a fundamentos teóricos. Assim que é feito nos países que estão bem no PISA.

 

 

Enquanto em Cingapura, 2º lugar no PISA, os cursos de pedagogia têm em suas grades 33 disciplinas que “ensinam como ensinar”, no Brasil temos apenas 9. Já nas disciplinas teóricas da educação, temos 17 e eles 4. Além disso, não é garantido a estes professores uma formação continuada, salários e carga horária adequadas e nem apoio pedagógico.
No Brasil, 68% do municípios têm menos do que 20 mil habitantes. É preciso realizar consórcios municipais para a gestão do ensino nesses municípios.

 

As universidades públicas ainda enfrentam fortes burocracias na gestão, desde a contratação de professores, como na licitação para compras, ou arrecadação de recursos e parcerias com o setor privado.

 

 

Já o ensino técnico e profissionalizante, apesar de todo seu potencial, nunca foi uma prioridade. Com a ampliação deste ensino, é possível garantir uma qualificação necessária para o cidadão e elevar o capital humano do Brasil, contribuindo para o desenvolvimento do país.

 

Temos muito a fazer e devemos sempre nos basear em fatos, dados e evidências, para propor políticas públicas que funcionem.

 

Queremos uma educação de qualidade para todos os brasileiros. Cidadãos preparados e conscientes serão determinantes no estabelecimento de uma sociedade harmônica, próspera e sustentável.

 

Só assim o Brasil será um país com mais oportunidades.

 

 

Foto: divulgação / ASSEEC

 

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