Editorial: Governo usa tragédia no Rio Grande do Sul para ação de marketing com compra de arroz

07 de junho de 2024

Preocupado com os baixos índices de popularidade, o governo Lula resolveu inovar na propaganda. Em uma decisão irresponsável, precipitada e contrária a todas as notas técnicas de entidades que representam o setor agroindustrial, o governo federal liberou mais de R$ 7 bilhões para comprar milhares de toneladas de arroz importado em um leilão pra lá de suspeito. As consequências de tamanha interferência econômica são perigosas e colocam em risco toda a cadeia produtiva de arroz nacional.

Embora os produtores gaúchos e as entidades que representam o setor já tenham garantido a oferta do produto no mercado brasileiro, nada demoveu o governo federal da gastança. Sabemos que não se trata de preocupação com desabastecimento, mas da especialidade de Lula: fazer populismo. Os argumentos do governo não se sustentam sob qualquer hipótese, e deixam nítida a intenção de usar uma calamidade ambiental como subterfúgio para implementar sua política e fazer autopropaganda em sacos de arroz. 

O Brasil produz cerca de 10 milhões de toneladas de arroz anualmente, sendo o Rio Grande do Sul responsável por 70% dessa produção. É evidente que a tragédia que castiga o estado poderia prejudicar o abastecimento. Mas a boa notícia, dentre tantas ruins, é que esse efeito será irrisório. Não faltará arroz no Brasil.

Segundo estimativas do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), a colheita deste ano, considerados os estragos das enchentes e outros efeitos do El Niño, deverá ser acima de 7 milhões de toneladas, praticamente o mesmo patamar do ano anterior. Além disso, quase 90% da safra já foi colhida antes das enchentes que afligiram o Rio Grande do Sul e só aguarda escoamento. 

Ao anunciar a compra de arroz subsidiado de fora sem qualquer risco de desabastecimento, o que o governo fez, na prática, foi atuar como um especulador de mercado desleal, jogando os preços da saca de arroz artificialmente para baixo, prejudicando todos os produtores e, em última instância, a economia gaúcha. 

O NOVO tentou barrar esta ação publicitária do governo na justiça, com uma ação movida pelo partido junto aos deputados Marcel van Hattem, Felipe Camozzato e Lucas Redecker. Obtivemos uma liminar que suspendia o leilão, mas a vitória durou pouco. Um desembargador do TRF-4, indicado por Lula e crítico da Lava Jato, deu sequência ao leilão, que foi realizado nesta quinta-feira. Ainda pairam sobre esta compra suspeitas de fraude envolvendo as empresas vencedoras dos contratos. 

O gasto desnecessário de mais de R$7 bilhões em arroz nos força a colocar os valores em perspectiva. A cifra é superior ao orçamento anual de ministérios como Relações Exteriores, Meio Ambiente e Gestão e Inovação de Serviços, e ocorre em paralelo ao anúncio do corte de R$5,7 bilhões do orçamento da Farmácia Popular, Auxílio Gás, Polícia Federal e obras em rodovias. 

Infelizmente, o Brasil tem uma tradição de Estado intervencionista. Quando vê uma atividade econômica gerando riqueza, o político brasileiro imediatamente pensa em como pode interferir e se aproveitar dela. É mais fácil taxar as blusinhas dos mais pobres do que diminuir a ganância do governo que sobrevive nas costas deles. 

O atual governo segue completamente perdido e embriagado pela ânsia de prejudicar quem trabalha, taxar quem produz e torrar todo esse dinheiro com populismo.

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