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Conheça as Seis Lições de Mises: Livro Mencionado pelo Lutador do UFC Renato Moicano
Depois de vencer no UFC 300, que ocorreu neste sábado (13), o brasileiro Renato Carneiro “Moicano” fez um discurso em defesa da liberdade de expressão e incentivou a leitura da obra “As Seis Lições” de Ludwig von Mises.
Moicano disse amar a 1ª emenda da constituição dos Estados Unidos, que proíbe que o governo crie leis que cerceiam a liberdade de expressão. “Amo a América, amo a constituição, amo a 1ª emenda”, afirmou.
Além disso, o brasileiro defendeu o porte de armas e a propriedade privada. “Se você se preocupa com o seu país, leia Ludwig von Mises e As Seis Lições”, declarou após nocautear o americano Jalin Turner no 2º round.
A fala de Moicano surge durante o conflito entre o empresário e dono da rede social X, Elon Musk, e o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Musk acusa o ministro de promover censura na plataforma.
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Quem é Ludwig von Mises, autor de As Seis Lições?
Ludwig Heinrich Edler von Mises foi economista, historiador, sociólogo e é um dos maiores nomes da Escola Austríaca de economia. Ele nasceu em Lviv, na Ucrânia ocupada pelo Império Austro-Hungaro, filho de austríacos de origem judaica.
Até o início da vida adulta, Mises era marxista, mas isso mudou quando ele conheceu as ideias de Carl Menger, o fundador da Escola Austríaca. Desse momento em diante, Mises dedicou sua vida à defesa das liberdades individuais e do livre mercado, se opondo tanto ao socialismo quanto ao facismo, o nazismo e o crescente intervencionismo dos governos democráticos.
Seu livro mais prestigiado é o “Ação Humana”, de mais de 800 páginas. Apesar disso, “As Seis Lições” é uma obra bem mais enxuta e que inclui boa parte das ideias do pensador.
Pela defesa dos seus ideais, o austríaco foi perseguido pelo regime nazista e se mudou para os Estados Unidos, onde morou até o fim da vida.
As Seis Lições
As seis lições foram compiladas a partir de uma série de palestras que Mises concedeu na Universidade de Buenos Aires. Posteriormente, esse conteúdo foi compilado pela esposa do economista, Margit von Mises, e publicado em 1979, após a morte do pensador.
A obra tornou-se o livro mais vendido do escritor, provavelmente por conta do conteúdo rico que ela contém descrito em linguagem acessível. Assim, As Seis Lições influencia o pensamento liberal no mundo inteiro até hoje.
1ª lição: capitalismo
A primeira lição do livro é uma breve introdução histórica ao capitalismo. Dessa forma, o autor refuta as críticas mais frequentes a este sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção.
De acordo com Mises, antes do desenvolvimento do capitalismo moderno, a sociedade caminhava para uma crise malthusiana, porque havia recursos naturais limitados disponíveis para sustentar uma população crescente e improdutiva.
Neste cenário, o capitalismo surgiu como uma inovação necessária que, através da produção em massa e do crescimento da produtividade, permitiu não só o crescimento populacional, mas também aumentou a qualidade de vida de toda a sociedade.
Apesar de ser a solução para os problemas sociais e ambientais no século XVIII, o capitalismo é hoje criticado por teoricamente causar os mesmos problemas na sociedade atual.
Como o autor descreve, o capitalismo surgiu durante o século XVIII na Grã-Bretanha. Nesse ambiente, a sociedade era dividida em três grupos principais: os nobres, que detinham as terras; os servos, que trabalhavam na terra; e os proletários, que não possuíam terras e vagavam pelo território como a classe mais pobre.
Apesar disso, com o surgimento da indústria têxtil, os proletários passaram a ter empregos e a se assentar nas cidades. Com o trabalho nas fábricas, eles passaram a acumular mais dinheiro do que os camponeses, o que fez com que esses também migrassem para trabalhar nos centros urbanos.
No fim das contas, a riqueza aumentou consideravelmente ao longo das décadas e a qualidade de vida para todas as classes sociais melhorou.
2ª lição: socialismo
Na sua segunda lição, Mises expõe os prejuízos do planeamento central que define o sistema socialista. Ele argumenta que as liberdades sociais são inseparáveis da liberdade econômica, porque sem esta última as pessoas não podem alcançar os seus objetivos.
Sem a aprovação estatal no socialismo, os indivíduos não poderiam definir suas próprias carreiras, envolver-se em projetos artísticos, científicos e comerciais. Além disso, eles teriam seu acesso aos meios de comunicação limitado. E se representassem uma ameaça ao governo, seriam presos ou exilados.
Tal situação não é apenas prejudicial para o indivíduo, mas também para o coletivo, porque priva a sociedade de inovações que só poderiam ser encontradas num sistema com liberdade individual.
3ª lição: intervencionismo
Na terceira lição, Mises mostra como as repetidas tentativas do governo de controlar os preços de certos bens levam à escassez desses mesmos bens.
Isso obriga-o a alargar os controles de preços ao nível seguinte da cadeia de produção e assim por diante, incluindo os salários, levando ao socialismo em casos extremos.
O livro menciona, por exemplo, o controle de aluguéis, que, apesar da sua história desastrosa, a Câmara Municipal de Berlim restabeleceu em Janeiro de 2020 em apartamentos construídos antes de 2014.
Como resultado, surgiram dois mercados imobiliários distintos na cidade, o antigo mercado imobiliário, cujos preços foram reduzidos, mas os apartamentos já não estão disponíveis, bem como novas propriedades que aumentaram de preço muito mais rapidamente do que em outras cidades de tamanho semelhante.
É pouco provável que o mercado livre altere este cenário, uma vez que foi criado um precedente perigoso que desencoraja o investimento em novos imóveis.
Assim, em um referendo em setembro de 2021, a população votou pela desapropriação de mais de 200 mil apartamentos na cidade, o que foi exatamente na direção prevista por Mises.
4ª lição: inflação
A quarta lição diz respeito à inflação, que é definida como uma expansão da base monetária de um país, o que leva a um aumento geral, embora não homogêneo, dos preços.
Mises afirma que este fenômeno não é natural ou inevitável para a economia, mas sim o resultado de políticas deliberadas destinadas a combater o desemprego a muito curto prazo, em detrimento da estabilidade econômica a médio e longo prazo.
Embora possa-se evitar a inflação, como afirma Mises, os incentivos políticos parecem torná-la inevitável numa democracia onde o Estado controla o dinheiro.
Justamente para evitar que esta situação continue, inventou-se o Bitcoin em outubro de 2008, não por acaso durante a última grande crise financeira, e apresenta-se como um sistema monetário alternativo e sem intervenção governamental.
5ª lição: investimentos estrangeiros
O capítulo cinco trata do investimento estrangeiro, desenvolvendo a ideia de que a diferença no rendimento e no nível de vida entre os países não se deve às características pessoais dos trabalhadores, mas sim às diferenças na disponibilidade de capital nesses países.
De acordo com Mises, a acumulação de capital torna os trabalhadores mais produtivos, e é a sua produtividade que lhes proporciona rendimentos mais elevados e um melhor nível de vida.
Desde o século XIX, os investimentos estrangeiros, especialmente ingleses, tornaram-se o meio mais importante de acelerar a acumulação de capital em países menos desenvolvidos.
Ao mesmo tempo, desde a Primeira Guerra Mundial, vários países começaram a expropriar o capital estrangeiro neles investido, quer sob a forma de calote de dívidas e nacionalização de empresas estrangeiras.
Este problema continua até hoje, impedindo o investimento estrangeiro, paradoxalmente, nos países onde ele é mais necessário.
6ª lição: política e ideias
A sexta e última lição trata de política e ideias e do nascimento e desenvolvimento do sistema político partidário.
Mises explica que este sistema surgiu da premissa de que diferentes segmentos sociais, todos buscando o bem comum, discutiriam suas diferentes ideias entre si e com a sociedade para convencer a maioria a seguir determinado caminho.
Ao mesmo tempo, presumia-se também que o governo não poderia interferir nas condições de mercado da economia.
A violação deste último pressuposto passou a incentivar tais grupos a não mais representarem a nação como um todo, mas sim a buscarem seus próprios interesses e se tornarem verdadeiros grupos de pressão.
Ao final, Mises explica a queda do Império Romano com políticas semelhantes às praticadas em sua época e que continuam até hoje. Segundo ele, a inflação provocada pela manipulação da sua moeda levou os romanos a intervir ainda mais na economia, principalmente através da regulação de preços.
Isto causou uma grave escassez de produtos, incluindo alimentos, o que forçou o aumento da migração das cidades para o campo, onde a produtividade e o padrão de vida das pessoas caíram, e levou ao declínio militar do império.
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As Seis Lições: um clássico do liberalismo
Mises afirma em seu resumo que hoje podemos evitar o mesmo destino que os romanos sofreram, porque temos conhecimento das consequências das ações que causaram o colapso do Império e cabe a nós evitá-las.
Este é precisamente o propósito das seis lições, que foi alcançado ao apresentar um resumo conceitual e histórico do fracasso da política socialista do século passado em uma linguagem compreensível.
Embora o conteúdo tenha mais de 60 anos, ainda é provavelmente a melhor introdução ao pensamento liberal para o público em geral. Se esta informação se difundisse mais amplamente, talvez existiria menos espaço para políticas intervencionistas e inflacionistas.
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