Sorvete Häagen-Dazs: cada um pague o seu

30 de dezembro de 2016

por Felipe Camozzato

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Ficamos indignados ao saber do custo de R$ 1,75 milhão para compra de comida para o avião do Temer. A prática, também comum quando Dilma Rousseff era presidente, diz muito sobre a maneira como políticos enxergam o dinheiro público. Um valor que representa mais do que o pagamento mensal de 9.000 Bolsas Família é gasto para atender luxos de uma casta privilegiada.

Porém, o desrespeito ao dinheiro do pagador de impostos começa muito antes da presidência. Ele inicia nas Câmaras Municipais Brasil afora e passa pelos legislativos estadual e federal. Segue nas estatais deficitárias e passa pelos privilégios de filhas de militares, salários acima do teto, entre outros. Pior de tudo, chega ao ponto de financiar empresas de telecomunicação com mais de R$ 100 bilhões de dinheiro público. Já imaginou quanto Häagen-Dazs daria para comprar com isso, Temer?

Em tempos de aperto de cintos, essa postura representa quão descolada está a política brasileira da realidade dos trabalhadores. Enquanto uns abusam, outros precisam se desdobrar com salários parcelados, vale-transporte e vale-refeição que mal pagam as contas do mês.

Trazendo para a minha realidade de vereador em Porto Alegre, existe a chamada Quota Básica Mensal de Gabinete (QBM), que nos permite gastar e receber indenizações de cerca de R$ 15 mil por mês com serviços gráficos, assinaturas de jornais, uso de veículos, entre outros.

Para contrariar essa lógica descompromissada de gastos públicos, me comprometi a não utilizar mais de R$ 2 mil mensais com a QBM, e economizar cerca de R$ 13 mil mensalmente. Consequentemente, a economia vai para o município e seus pagadores de impostos, e representará redução de mais de meio milhão de reais ao longo dos meus quatro anos de mandato.

Confesso que preferiria que o valor pudesse ser retornado à população via redução de impostos. Afinal de contas, é o povo quem precisa do dinheiro para pagar suas dívidas, em vez de ser obrigado a financiar cópias coloridas do meu gabinete ou sorvetes de luxo para presidentes.

Sorvete no imposto dos outros é refresco!


Felipe Camozzato é administrador (UFRGS), pós-graduado em Liderança Competitiva Global (Georgetown University) e o primeiro vereador eleito do NOVO em Porto Alegre.


Os textos refletem a opinião do autor e não necessariamente do Partido Novo.
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