Não há mais espaço para sigilo na política

31 de outubro de 2016

por Mateus Simões

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A transparência dos compromissos assumidos pelos políticos brasileiros, ou a falta dela, talvez seja o desafio mais relevante do novo momento cultural que precisamos instalar no espaço político cultural do Brasil.

É que na origem de todos os esquemas de corrupção, de todas as grandes redes de manipulação de licitações e de desvio de recursos públicos estão as conversas de gabinete.

Pensando nisso é que resolvi, desde antes de ser eleito, que todas as minhas reuniões políticas deveriam ser divulgadas, não apenas para apontar quem esteve presente no encontro, mas especialmente para divulgar o que foi discutido.

A contra-ponderação que me fazem é a de que acabarei ficando isolado no ambiente da Câmara, pois os outros vereadores, avisados dessa prática, deixariam de ter comigo as conversas que os pudessem comprometer. Mas a minha pergunta é: para que eu quereria estar no meio de conversas que não podem ser noticiadas a quem me elegeu?

Essa é a ruptura que precisamos promover, a de que o espaço político possa se prestar a negociações veladas.

O argumento usual é o de que a população não compreende a complexidade do debate político e que a exposição aberta das discussões acabaria por comprometer o interesse da própria população. Na minha opinião, contudo, esse é apenas um argumento, arrogante e pretensioso, para permitir a criação dos espaços necessários para as negociações inconfessáveis, aquelas em que o sujeito negocia o que vai lhe render dinheiro ou votos em troca de quase qualquer coisa.

Estou ainda avaliando se é possível microfonar e manter em arquivo os áudios de todas as reuniões do gabinete, pois seria um passo adiante nesse rompimento de paradigmas, mas mesmo que não chegue imediatamente a tanto, o compromisso de abertura completa será implementado, desde o primeiro dia de mandato: um tapa na cara de quem nos insulta com a transformação do ambiente político em balcão de negócios.

 

Mateus Simões é advogado, mestre em Direito Empresarial, professor da Faculdade Milton Campos e da Fundação Dom Cabral, procurador concursado da ALMG e vereador eleito pelo NOVO em BH.

 

O texto reflete a opinião do autor e não necessariamente a posição do partido.

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