Meritocracia não é palavrão, é solução

20 de dezembro de 2016

por Joel Pinheiro da Fonseca

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É incrível a quantidade de pessoas para quem “meritocracia” virou quase um termo de insulto. Na verdade, é um ingrediente essencial para a melhora de nossas instituições.

Olhando para a educação pública, por exemplo. Mais meritocracia significa identificar as experiências mais bem sucedidas e premiá-las, o que estimula outras a seguirem as boas práticas, a manter professores motivados, etc. Pelo lado contrário, significa ter a coragem de fazer algo elementar: professor negligente, que falta, ou que faz panfletagem ao invés de ensinar, se não se emendar, tem que ser demitido. Isso é meritocracia, e o Brasil tem várias experiências que mostram que ela funciona (as escolas do município de Sobral, no Ceará, são um bom exemplo).

Todo o Estado brasileiro deveria passar por uma revolução meritocrática: mensuração de resultados (para muito funcionário público, isso é tabu), análise de custo/benefício, promoção baseada em desempenho.

Dizem que, sem igualdade de oportunidades, não cabe falar em mérito. Em certa medida é verdade: não é porque alguém é mais rico que essa pessoa trabalhou mais que as outras; há muitas outras variáveis envolvidas – família, riqueza inicial, genética, sorte, etc. Mas ao fazer essa crítica o que ocorre é que, em geral, se esquecem do ponto central da meritocracia: em uma sociedade funcional, a pessoa que trabalha e poupa é capaz de, ao longo do tempo, melhorar suas condições e proporcionar a seus filhos uma qualidade de vida melhor do que a que teve quando era criança.

Mesmo hoje em dia, com todos os obstáculos existem em nossa sociedade (muitos deles causados pelo próprio Estado), o esforço individual é um motor central da ascensão social. Com um Estado mais eficiente e um mercado mais livre, teríamos ainda mais meritocracia. E isso seria muito bom.

O problema, na verdade, é mais embaixo: ninguém afirma seriamente que riqueza é sinal de maior esforço sempre. Os inimigos da meritocracia sabem disso, e seu alvo é outro. A questão real é que, infelizmente, tem muita gente no Brasil que não suporta a ideia de que o esforço individual tem sim um papel relevante na ascensão social e econômica. Querem manter uma classe de pobres dependentes por toda a eternidade; sem o papai Estado, ninguém conseguiria dar um passo para frente.

A realidade do Brasil nos últimos anos desmente essa visão paternalista. O trabalho e o empreendedorismo são únicos caminhos reais para o desenvolvimento pessoal e social. E sabendo que o esforço é recompensado, as pessoas se esforçam mais. O Brasil hoje tem muito pouca meritocracia. Queremos que ele tenha mais.

Isso quer dizer que o Estado não tem papel nenhum? Claro que não. Cabe ao Estado garantir que as condições estão dadas para que as pessoas possam criar valor e serem donas do fruto de seu trabalho. Garantir acesso a saúde e educação de qualidade a todos – para que possam desenvolver melhor seu potencial -, bem como segurança pública, liberdade de empreender e uma carga tributária baixa e simples. Assim, será mais meritocrático. Está na hora do Brasil finalmente premiar o esforço ao invés do fracasso.


Joel Pinheiro da Fonseca é economista e mestre em filosofia.


Os textos refletem a opinião do autor e não necessariamente a do Partido Novo.
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