Editorial: Lula não tem moral – ou convicção – para impedir o crescimento dos privilégios

25 de abril de 2024

Um governo que tem firmeza e coerência em suas convicções traz muitos benefícios para a sociedade. Um deles é a capacidade de dizer “não” para propostas que criam benefícios para um grupo às custas do restante da sociedade. Mas um governo desorientado e desmoralizado é como um sistema imunológico enfraquecido: torna-se presa fácil das doenças oportunistas do corporativismo. É o caso do governo Lula. 

Prova disso é a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado da chamada PEC do Quinquênio, que prevê um aumento automático de 5% do salário a cada 5 anos para membros do Judiciário e do Ministério Público. O impacto estimado é de R$ 40 bilhões de reais por ano, engordando os vencimentos de classes que já estão entre as mais ricas do país.  

A PEC é vista como “pauta bomba”, porque aumenta os gastos num orçamento que já está no vermelho. Mas falta ao governo convicção para desarmar essa bomba. O arcabouço fiscal de Haddad, que deveria impor um limite aos gastos, foi abandonado em menos de um ano. Pior ainda, as tímidas tentativas do Ministro da Fazenda em demonstrar seu compromisso em equilibrar as contas são sistematicamente desmoralizadas pelas declarações do próprio presidente Lula. 

Contrariando Haddad, Lula recentemente criticou a própria ideia de que o governo deve ter as contas em dia. Disse, ironicamente, que “tudo no Brasil é gasto”, e que “a única coisa que parece investimento é o superávit primário”. Pior do que a completa confusão conceitual do presidente é a mensagem contraditória com o que diz seu principal ministro. Quem vai acreditar nas fantasias de Haddad, que insiste que o governo, um dia, vai arrecadar mais do que gastar, quando o próprio Lula deixa claro que vai insistir na política do “gasto é vida”? Lula não acredita que o governo deve gastar menos do que arrecada. Isso é percebido, corretamente, como um convite à criação de novos privilégios, que custam caro para toda a sociedade.

Lula tampouco se preocupa em passar uma imagem modesta da presidência. Pelo contrário, entre gastos com móveis novos para o Palácio da Alvorada, planos para a compra de um avião maior, e a fachada de ostentação transmitida pela primeira-dama, Lula demonstra que o governo tem dinheiro sobrando. Que moral tem o presidente de exigir cortes quando vive em uma Corte endinheirada?

O NOVO sempre teve convicção de que a responsabilidade com o dinheiro público é importante. E o exemplo precisa vir de cima. Por isso, nossos mandatários sempre fizeram questão de cortar na carne, reduzindo e eliminando gastos em seus próprios mandatos e gabinetes. De um vereador de cidade pequena até o governador de Minas Gerais, sempre deixamos claro que é possível fazer mais com menos. 

Não existe “dinheiro público”, no abstrato. Toda verba do governo vem do esforço concreto de  trabalhadores e empreendedores brasileiros. Enquanto o governo ignorar essa realidade, o orçamento vai continuar sendo contaminado por privilégios setoriais, e o essencial – segurança, saúde, educação e infraestrutura – vai ficar de lado. 

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