Editorial: Lula indica Pimenta para reconstruir narrativas do governo sobre o Rio Grande do Sul

16 de maio de 2024

Nesta quarta-feira, a cidade de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, foi palco de um grande comício. O evento, que já seria inadequado, visto que o período eleitoral ainda está distante, torna-se vergonhoso no contexto da imensa tragédia que o Rio Grande do Sul enfrenta com as cheias. Antes mesmo das águas do Guaiba darem trégua, o governo Lula transformou a calamidade em palco. Em meio aos gritos da claque, Lula anunciou que ainda deseja “disputar umas dez eleições”, enquanto coroou seu companheiro de partido a um cargo desenhado para lhe dar destaque no próximo pleito.      

Não é surpresa para ninguém que Lula usaria a tragédia do Rio Grande do Sul como uma oportunidade eleitoral. Afinal de contas, está no DNA do seu partido. O PT não é uma instituição que se dedicou a aprimorar suas competências de gestão, é um partido que tem o único objetivo de se manter no poder. Como disse a ex-presidente Dilma Rousseff: “nós podemos fazer o Diabo quando é hora de eleição”.

O que surpreende é, mais uma vez, a audácia – no pior sentido da palavra. A escolha de Paulo Pimenta como “ministro da Recuperação” do Rio Grande do Sul, uma espécie de “interventor”, é um escárnio, um ultraje, uma ofensa. Não só ao governo do estado, mas a todos os gaúchos. Para começar, o Rio Grande já tem um governador. Goste-se ou não de Eduardo Leite, é ele a autoridade hoje constituída com a responsabilidade de organizar os esforços da máquina pública, juntar os cacos, buscar recursos nacionais e internacionais e liderar o processo de reconstrução do estado.

E, convenhamos, Pimenta não foi escolhido para o cargo por qualquer habilidade de gerenciamento de crises, de negociação ou de reconstrução. Pimenta foi escolhido porque responde aos interesses políticos do PT no Rio Grande do Sul, e deverá ser o candidato do partido ao governo do estado nas eleições de 2026. Lula quer transformar seu ministro em um “salvador da pátria” para os gaúchos, mesmo papel que sempre enxergou para si mesmo no Brasil. 

Paulo Pimenta dedicou todo o seu tempo como ministro perseguindo e censurando opositores. Como ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul, os gaúchos podem ter a certeza de que a reconstrução das narrativas diante da dura verdade dos fatos será a prioridade absoluta de sua gestão.

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