
Uma coisa é inegável: Che é pop. Basta ver: o cara está nas camisetas de ativistas dos movimentos negros e LGBT, mesmo sendo abertamente racista e tendo comandado campos de concentração para gays; esteve em inúmeras manifestações pacifistas, mesmo tendo executado pessoalmente centenas de pessoas e defendendo a guerra para implatação do socialismo; é um ícone anticapitalista, mesmo vivendo na riqueza após a Revolução Cubana. Para expor todas essas e outras contradições do ícone da esquerda, neste artigo, vamos abordar 9 verdade inconvenientes sobre Che Guevara.
Até hoje, quase 60 anos após sua morte, Che ainda é um ídolo da esquerda. Todos os anos, no aniversário da sua morte (09/10), seus admiradores tecem elogios de dar inveja.
Falam do revolucionário argentino como um homem virtuoso, altruísta, relembram suas frases mais famosas. Para essas pessoas, Che é um exemplo a ser seguido.
Se você é um desses admiradores, propomos um desafio: leia esse texto até o fim. Se, ao final, Che ainda for um ídolo para você, desistimos de tentar trazer você para a realidade.
Confira a seguir as principais verdade inconvenientes sobre o matador amado pela esquerda:
– 1ª verdade inconveniente sobre Che: defendia campos de concentração para gays
– 2ª verdade inconveniente sobre Che: era racista
– 4º verdade inconveniente sobre Che: dizia que “provas são secundárias” em sentenças de morte
– 5ª verdade inconveniente sobre Che: ostentava riqueza e era contra entretenimento popular
– 7ª verdade inconveniente sobre Che: queria o holocausto nuclear
– 9ª verdade inconveniente sobre Che: morreu escanteado pela esquerda e sem heroísmo
Se você defende os direitos dos homossexuais, reveja seu apoio a Che Guevara.
Che foi responsável pela criação do campo de trabalho forçado de Guanahacabibes, em 1960, e influenciou a formação das Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAPs) em Cuba, a partir de 1965.
As UMAPs eram campos de trabalho forçado destinados a “reeducar” pessoas que não se encaixavam no ideal do “homem novo”, exaltado por Che e pela ditadura cubana, incluindo homossexuais, hippies e outros considerados desvios morais ou ideológicos pelo regime.
Segundo um artigo do pesquisador Douglas Pinheiro, da UNICAMP, entre 30 mil e 40 mil jovens foram reprimidos nas UMAPs em menos de uma década.
De acordo com Pinheiro, dentre as vítimas das UMAPs, houve pelos menos 72 mortos por abusos e tortura, 180 se suicidaram e 508 foram traumatizados e tiveram que passar por internação psiquiátrica.
Entre outras entidades internacionais, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou os abusos nessas unidades.
Nos campos, homossexuais enfrentavam tratamentos desumanos, como sessões de “cura gay” com choques elétricos, injeções de insulina e privações, além de condições precárias, como transporte em ônibus sem janelas ou banheiros.
A frase “O trabalho os fará homens” era exibida na entrada dos campos. Muitos associam o lema àquele escrito no campo nazista em Auschwitz, que era: “O trabalho liberta”.
Fidel Castro declarou que homossexuais não poderiam ser considerados verdadeiros revolucionários, reforçando a homofobia institucionalizada logo após a Revolução, em 1959.
As denúncias no exterior fizeram com que a ditadura cubana deixasse de mandar gays para campos de concentração em 1968.
Apesar disso, o regime chegou a restringir o acesso de homossexuais a cargos públicos e beijos homossexuais em público eram punidos com cadeia até 1997. Por fim, o exilado cubano Guillermo Cabrera Infante narra uma situação curiosa nesse tema.
Segundo ele, quando Che visitou a embaixada cubana na Argélia e viu um livro do autor homossexual Virgilio Piñera, o militar disse ao embaixador: “Como é que você pode ter o livro dessa bicha na embaixada?”. Em seguida, o diplomata cubano jogou a obra no lixo.
Che escreveu o seguinte em seus “Diários de Motocicleta”, quando viajou pela América Latina: “O negro indolente e sonhador gasta seu dinheirinho em qualquer frivolidade ou diversão, ao passo que o europeu tem uma tradição de trabalho e de economia”.
Esse é o herói da esquerda criticando o caráter dos negros por sua cor de pele. Mas isso não impede que ativistas “anti racistas” encham Che de elogios.
Che Guevara foi um sádico que contribuiu para a execução por pelotão de fuzilamento de quase 6 mil cubanos, de acordo com a ONG “Arquivo Cuba”, especialmente durante seu comando no Forte de La Cabaña. No vídeo acima, é possível ver algumas das execuções públicas.
Mesmo antes da guerra em Cuba, ele já descrevia abertamente sua vontade de matar. Em seus “Diários de Motocicleta”, Che afirma:
“Uivando como um possesso, banharei minha arma em sangue e, louco de fúria, cortarei a garganta de qualquer inimigo que me cair nas mãos. […] Sinto minhas narinas dilatadas pelo cheiro acre da pólvora e do sangue do inimigo morto”.
Já em uma carta para seu pai, ele ressalta em 1957, durante a guerrilha cubana: “Hoje descobri que realmente gosto de matar”.
Segundo a ONG mencionada, o argentino foi responsável direto pela morte de 144 pessoas entre 1957 e 1959, o que inclui opositores ao regime socialista cubano, colegas de guerrilha e até menores de idade.
O governo cubano, com apoio de Che, matou pelo menos 10.723 pessoas até 2016, de acordo com o “Arquivo Cuba”. Esse número inclui outros mortos além dos executados por fuzilamento.
Porém, outras centenas de milhares de mortes causadas pelo regime socialista, como os afogados que tentaram fugir nadando até os EUA, não entram nessa conta da ONG.
Segundo o jornalista José Mitchell, o militante Luís Renato Pires de Almeida foi morto por Guevara, na fracassada guerrilha da Bolívia, “pelo consumo escondido de leite condensado”.
Apesar disso, Pires de Almeida consta até hoje na lista de mortos pela ditadura militar brasileira.
Como contamos no tópico anterior, Che ordenou e até participou de diversas execuções. Mas fica pior: ele não dava a mínima para provas quando decidia quem deveria morrer.
O matador argentino apontou Orlando Borrego, um jovem sem qualquer formação jurídica, para ser juiz dos “Tribunais Revolucionários” em La Cabanã. Por sua vez, um advogado, José Vilasuso, foi indicado como assistente de Borrego.
Vilasuso narra que Che pedia rapidez na condução das sentenças de morte e dizia: “Não demorem com esses julgamentos. Isso é uma revolução: provas são secundárias. Temos que agir por convicção. Eles são uma gangue de criminosos e assassinos”.
Apesar da informação, do “Arquivo Cuba”, de que Che estaria envolvido em 144 mortes, prisioneiros em La Cabanã falam em até 800 assassinatos até o fim de 1959.
Segundo o ex-detento, Pierre San Martín, um garoto com 12 ou 14 anos foi preso por tentar defender o pai antes que os revolucionários o matassem. Dias depois, o menino foi levado ao paredão. Segundo San Martin, Che:
“Deu a ordem para trazer antes o garoto e o mandou se ajoelhar diante do paredão. O garoto desobedeceu à ordem com uma valentia sem nome e ficou de pé. Che, caminhando por trás do garoto, disse: ‘Que garoto valente’. E deu um tiro de pistola na nuca do rapaz.”
Você pode dizer que essas e outras citações são de opositores oportunistas do lindo socialismo cubano, mas o próprio Che admitiu diversas vezes que o regime promovia execuções sem o devido julgamento.
Em 1964, durante a Conferência das Nações Unidas (ONU) em Nova York, ele disse simplesmente: “Fuzilamentos? Sim, temos fuzilado. Fuzilamos e seguiremos fazendo isso enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta à morte”. No vídeo acima, você pode conferir “Comandate” dizendo essas palavras.
Apesar de tudo isso, movimentos que denunciam as mortes, desaparecimentos e torturas durante os regimes militares latinos, como o “Madres de La Plaza de Mayo”, na Argentina, e o “Tortura Nunca Mais”, no Brasil, homenagearam Che.
É o que aponta o “Guia Politicamente Incorreto da América Latina”. Parece que esses grupos não são contra execuções e mortes políticas, mas são contra essas ações apenas quando as vítimas são de esquerda.
Tá bom, tá bom, mas pelo menos Che era contra a desigualdade e o acúmulo de riqueza, características típicas do capitalismo, certo? Sem dúvida, quando isso se aplicava à vida dos outros, não a dele.
Logo depois da Revolução, o matador socialista tomou como sua a maior mansão de Cuba, uma casa na beira do mar e com diversos luxos em Havana. Até mesmo quando foi morto em condições decadentes, ele ostentava um belo Rolex no pulso.
Apesar disso, o argentino não era muito favorável ao entretenimento alheio. Logo que tomou a cidade de Santa Clara, sua primeira ordem oficial foi proibir jogos, bebidas e bailes, sob a justificativa de que seriam “frivolidades burguesas”.
Isso não impediu que vários artistas, como Chico Buarque, Manu Chao e Santana, prestem homenagem ao “Comandante”.
Nesse contexto, vale lembrar quando a jornalista de origem cubana Marlen Gonzalez humilhou o ator Benicio del Toro (protagonista do filme/propaganda “Che”).
Durante entrevista ao artista, Gonzalez trouxe à tona a matança de Che em La Cabaña: “Noventa por cento eram presos de consciência. Morreram simplesmente por discordar do sistema nascente, por pensar diferente”. Ao que Del Toro respondeu “ah, não sabia disso”.
Talvez um dos absurdos mais flagrantes seja o uso da imagem de Che por pacifistas, como em comunidades hippies na Califórnia e em protestos contra a Guerra do Vietnã.
O pacifismo é exatamente o oposto do que defendia Che. O revolucionário pregava que a luta armada, em palavras claras, a guerra, era essencial para a vitória mundial do socialismo. Ele defendeu, na “Revista Cubana Tricontinental”, em maio de 1967:
“O ódio como fator de luta, o ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona para além das limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar: nossos soldados têm de ser assim”.
“Um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal. Há que levar a guerra até onde o inimigo a leve: à sua casa, a seus lugares de diversão, torná-la total. Há que impedi-lo de ter um minuto de tranquilidade”, complementou.
Além de tudo, Che chegou ao nível de buscar abertamente uma guerra nuclear contra os EUA, mesmo sabendo que a reação americana seria lançar bombas atômicas em Cuba.
Assim, em 1961, ele foi até a Rússia para negociar o acordo que levou os soviéticos a instalar mísseis nucleares na ilha. A ideia partir de Che e outros cinco líderes cubanos.
Felizmente, nem os americanos nem os soviéticos queriam de fato uma guerra nuclear, ao contrário dos socialistas da ilha. Che e Fidel ficaram furiosos com a retirada dos projéteis pela URSS. Para Che, pouco importava a vida dos 45 milhões de cubanos.
Derrotar o “imperialismo americano” era mais importante. Ele disse ao jornal britânico “The Daily Worker” que a retirada dos mísseis foi um ato de traição pelos soviéticos.
Um detalhe importante: a vida dos cubanos comuns não importava para Che, mas a dele e dos líderes cubanos, sim. Não é à toa que eles perguntaram ao embaixador da URSS na ilha se havia espaço no abrigo antiaéreo da embaixada em Cuba.
Você defende os direitos dos trabalhadores? Então, definitivamente Che não deveria ser seu ídolo. Ele defendia medidas que dariam inveja até em escravocratas.
Além disso, o argentino contribuiu para a catástrofe econômica de Cuba como presidente do Banco Nacional (1959-1961) e ministro da Indústria (1961-1965).
Sem experiência em economia, ele implementou políticas desastrosas baseadas em ideais socialistas, e defendeu controle, punição e trabalho forçado para aumentar a produção.
Propôs cortar salários de trabalhadores menos produtivos, exigir trabalho voluntário durante férias e mandar os “preguiçosos” para campos de trabalho forçado, como o de Guanahacabibes.
Suas políticas levaram à fuga de profissionais qualificados, como José Illan, ex-vice ministro das Finanças, e à saída de mais da metade dos funcionários do Banco Nacional.
Como diretor do Instituto Nacional da Reforma Agrária, reduziu a produção de cana-de-açúcar, principal exportação cubana, de 6 milhões para 3,8 milhões de toneladas até 1963, sem diversificar a economia.
Além disso, proibiu o contrato vantajoso de venda de açúcar aos EUA, agravando a escassez. Como ministro, estatizou 287 empresas, mas a falta de matéria-prima e gestão qualificada causou colapso na produção de bens básicos, como sabão e pasta de dente.
Em 1961, instituiu o carnê de racionamento devido à escassez de alimentos. Suas metas irrealistas, como crescimento de 15% ao ano, falharam, e ele admitiu em 1963 que seus planos eram “absurdos”.
A dependência da URSS sustentou a economia, mas não evitou a queda no consumo per capita de calorias, carnes e outros bens, em outras palavras: a fome e a miséria.
Che rejeitava o capitalismo e os direitos de propriedade, o que afastou investimentos e perpetuou a pobreza, contribuindo para o atraso econômico de Cuba. Os dados neste tópico vieram do “Guia Politicamente Incorreto da América Latina”.
A morte de Che: esse momento é absolutamente épico para o socialista médio.
Dizem que, momentos antes de ser executado, quando perguntado sobre se ele estava pensando sobre sua imortalidade, ele teria respondido: “Estou pensando na imortalidade da revolução”.
Outros afirmam que, diante do seu carrasco, o revolucionário teria dito: “Eu sei que você veio me matar. Atire, covarde, você só vai matar um homem”.
A realidade é bem menos heróica e muito mais deprimente.
Em entrevista à “Revista Cruzoé”, o capitão Gary Prado Salmón, que comandou a operação que capturou o argentino, disse que o instinto de sobrevivência falou mais alto para o revolucionário ferido.
Antes de ser detido, o socialista disse: “Não me matem, sou Che. Valho mais vivo do que morto”. Autoridades bolivianas capturaram o argentino depois que ele tentou uma revolução fracassada no país andino. Salmón relembra o ocorrido.
“Alguns me perguntam o que eu senti quando fiquei frente a frente com Che Guevara. O que eu senti foi pena, lástima. Che não tinha nada de heroico”.
Nas horas seguintes, o presidente boliviano na época, René Barrientos, ordenou a execução do cativo. “Abriram a porta e atiraram. Não teve nenhuma despedida ou explicação”, afirma o ex-militar.
Em seu livro sobre a incursão do argentino na Bolívia, “A Guerrilha Imolada”, Salmón conta que os cubanos queriam se livrar de Che e que os demais países socialistas não tinham grande interesse nele.
“Che Guevara foi enviado para fazer uma revolução no Congo, na África, porque não o aguentavam mais em Cuba. A Cúpula do Partido Comunista pressionou Fidel Castro para que fizesse isso, porque Che era considerado um elemento nocivo. Quando ele estava na África, Fidel tornou pública a carta de renúncia de Che, falando que ele abria mão formalmente dos cargos no Partido Comunista, do posto de ministro, da patente de comandante e da cidadania cubana”, afirma.
Che ficou furioso ao ouvir a notícia. Depois viajou para vários países ao redor do mundo. Ele não queria voltar para Cuba, mas teve resistência de outros movimentos revolucionários socialistas ao buscar participar deles.
Assim, o argentino voltou para a ilha caribenha de forma clandestina. Em seguida, com alguns soldados cubanos, partiu para a Bolívia, mas sofreu sabotagem do próprio governo cubano. O regime entendia que a revolta no país andino não tinha chance de sucesso.
Por isso, retiraram o contato do argentino em La Paz, capital boliviana, e trouxeram o espião para Cuba.
“Os cubanos entenderam que Che teria mais serventia morto do que vivo. Queriam explorar sua figura como mártir, ídolo. E o argentino também sabia que suas condições militares eram praticamente nulas”, conclui Salmón.