A insistência do governo em priorizar os BRICS, ao invés da OCDE, prova que Lula e o PT sempre colocaram a ideologia acima do desenvolvimento.

Menos BRICS, mais OCDE

01 de agosto de 2025

A insistência do governo brasileiro em priorizar os BRICS, enquanto desdenha da OCDE, prova que Lula e seu partido sempre colocaram a ideologia acima do desenvolvimento econômico do Brasil, comprometendo o futuro dos brasileiros. É hora de dizer: sai do BRICS, Brasil!

A OCDE é um fórum de boas práticas, transparência e integração com as economias mais avançadas do mundo. Para integrar o grupo, o Brasil precisa adotar padrões internacionais de políticas públicas e governança, a “receita do bolo” que leva à geração de riqueza: abertura do mercado nacional, boa governança, combate à corrupção, investimentos em educação e infraestrutura. Fazem parte da OCDE todos os países que os brasileiros admiram, como os Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra.

Mas os petistas não querem nada disso. Ao desprezar a OCDE, o Brasil perde acesso a melhores práticas regulatórias, atração de investimentos e participação em decisões globais. O país também perde oportunidades de aprimoramento institucional, já que o processo de adesão exige avanços em governança, transparência e combate à corrupção. O comportamento do governo brasileiro revela uma preferência clara por fóruns onde pode evitar compromissos institucionais rígidos.

Assim que voltou ao poder, em janeiro de 2023, Lula afirmou que a adesão à OCDE “não é prioridade”. O ministro Fernando Haddad falou em “eventual participação” e em renegociar condições de entrada no grupo. Pouco tempo depois, a delegação brasileira vetou a inclusão de qualquer menção de apoio dos Estados Unidos ao ingresso do Brasil no comunicado conjunto da reunião Lula-Biden na Casa Branca. Em dezembro de 2023, o próprio Lula fez pouco caso das projeções econômicas divulgadas pela OCDE, prometendo “provar que a entidade errou” ao estimar crescimento modesto para 2024. Em fevereiro de 2025, o Palácio do Planalto suspendeu o trâmite de adesão. A resistência foi capitaneada pelo assessor especial Celso Amorim, que classificou a OCDE como “bloco neocolonialista” e defendeu concentrar esforços nos BRICS.

Por outro lado, sob o acrônimo BRICS, nosso país submete-se a um consórcio ditatorial composto pelos regimes autoritários e autocráticos de Rússia, China, Egito, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Ano passado, o show de hipocrisia teve palco na Rússia do criminoso de guerra Vladimir Putin e recebeu, dentre outros, Nicolás Maduro, responsável direto pela pior crise econômica e humanitária da história das Américas. Além da Venezuela, pleiteiam a entrada no bloco ditaduras como Belarus, Cuba, Cazaquistão, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

Além do desprezo pela democracia, os BRICS acumulam desafios notórios. As divergências internas são evidentes, pois as agendas de China e Índia raramente convergem, tornando decisões conjuntas lentas e pouco efetivas. A repressão social é preocupante, já que Rússia e China não são modelos de transparência ou respeito às liberdades individuais. A baixa integração econômica é outro problema significativo, pois o comércio intra-BRICS é limitado e a maioria dos países do grupo tem maiores laços comerciais com economias desenvolvidas fora do bloco.

A obsessão governista com os BRICS coloca o Brasil em uma dupla armadilha. Primeiro, despende esforços diplomáticos para a inserção do país em um bloco cujos interesses não estão em linha com os valores ocidentais e comprometem a já maltratada imagem internacional brasileira no que diz respeito à segurança, direitos humanos e democracia. Segundo, prejudica a relação do Brasil com democracias históricas e atores internacionais relevantes, enfraquecendo a posição do país como interlocutor em discussões internacionais.

Em política internacional, não existem amizades. Existem interesses compartilhados. A ausência de Xi Jinping e Vladimir Putin no evento dos BRICS que ocorreu recentemente no Rio de Janeiro é mostra disso. O Brasil não é prioridade para eles. Assim, o Brasil precisa de pragmatismo em suas relações internacionais. Estreitar laços com um grupo de ferozes ditaduras e autocracias e referendar a agressão russa à soberania ucraniana está muito longe de ser pragmático: é meramente ideológico.A diplomacia brasileira precisa se vincular menos à ideologia política e dar mais atenção à baixa inserção internacional econômica do país, que não desfruta de acordos comerciais relevantes e vê, ano a ano, decair sua participação no comércio internacional. O Brasil precisa decidir se quer ser protagonista nas grandes decisões globais ou se contentar com a plateia dos fóruns alternativos. A OCDE não é um clube fechado: é uma porta aberta para quem quer crescer de verdade. Ignorar a OCDE é um luxo que não podemos nos dar. Fora disso, seremos meros títeres de autocratas que só pensam em concentrar poder e oprimir qualquer respiro oposicionista.

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