Homero Marchese foi uma das vítimas da máquina ilegal de censura operada por Alexandre de Moraes   

22 de agosto de 2024

Novas denúncias da Folha de São Paulo provam que a censura é prática corriqueira no famigerado inquérito das Fake News, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes. Nesta quarta, o jornal revelou que o ex-deputado estadual Homero Marchese foi censurado por tão somente publicar nas redes sociais informações sobre um evento público que aconteceria nos EUA, com a presença de membros do STF. Uma imagem adulterada da postagem, de autoria desconhecida, foi utilizada por Moraes como prova para bloquear as redes sociais de Marchese por alguns meses.

O episódio narrado pelo jornal representa mais um grave ataque à liberdade política e de expressão no país, dentre os tantos já efetuados nos últimos anos pelo Supremo. Desta vez, no entanto, há uma diferença ainda mais dramática: a fundamentação da ordem de bloqueio das redes sociais do ex-deputado estadual é uma postagem feita por terceiro desconhecido, sem relação com o mandatário. Além disso, Marchese não era investigado no âmbito do inquérito das Fake News quando houve a decisão de Moraes. Então, não perca as contas: temos um inquérito inconstitucional, sigiloso, sem prazo de conclusão, em que são tomadas medidas exorbitantes e, por fim, agora fundadas em provas inexistentes, que cercearam a liberdade política e de expressão de um deputado no exercício do mandato.

Homero Marchese pagou caro pelo simples ato de divulgar, nas redes sociais, a presença dos ministros do STF em um evento sobre “liberdade e democracia” que aconteceria no Harvard Club, em Nova Iorque. A publicação de Marchese, junto de outras postagens de terceiros desconhecidos, circularam em grupos de WhatsApp até chegarem ao conhecimento de Moraes. Tudo foi atribuído ao então deputado paranaense e classificado como ilegal graças a uma investigação negligente encomendada pelo ministro. 

Moraes encomendou o relatório ao seu contato usual na assessoria do TSE, que chegou a alertar que o pedido não cabia à Justiça Eleitoral: “Só não sei como bloquear pelo TSE pq não fala nada de eleições”. Ainda assim, na calada da noite, o ministro decidiu que a suposta publicação poderia “incitar, publicamente, a prática de crime” e “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito”. Como a divulgação da hora e local de um evento público nos Estados Unidos pode constituir ameaça à democracia brasileira? Essa parte o ministro ainda não explicou. 

Em 13 de novembro de 2022, semanas após o segundo turno das eleições, Marchese teve suas redes sociais bloqueadas. Permaneceu por quase um mês e meio sem acesso ao Twitter e ao Facebook, e por mais de seis meses sem acesso ao Instagram. Além de falhar, a justiça brasileira tardou em corrigir os erros grosseiros que resultaram na injusta punição do deputado. Proibir que um deputado possa comunicar-se com seu eleitorado e com a população por meio de suas redes sociais é uma das formas mais vis de censura, configurando-se atentado ao ambiente democrático.

As evidências de que Alexandre de Moraes não agiu como um juiz imparcial já se acumularam, e não podem mais ser ignoradas. O ministro transformou o TSE em seu órgão particular de censura e perseguição política, ignorou os direitos individuais e o devido processo legal e causou danos irreparáveis à própria Corte da qual faz parte. As instituições brasileiras precisam deixar claro que o abuso e o arbítrio não podem ser tolerados. O Senado brasileiro, a quem compete constitucionalmente abrir processo de impeachment contra ministros do STF, precisa agir imediatamente a fim de afastar Alexandre de Moraes de sua atuação jurídica.

Compartilhe

VEJA TAMBÉM

Confira mais notícias do NOVO
Requerimentos de informação de Adriana Ventura em conjunto com outros deputados do NOVO buscam esclarecer o escândalo do roubo de empréstimos consignados pelo INSS (créditos: Câmara dos Deputados).

Escândalo dos Consignados: NOVO Questiona Governo Lula e AGU sobre Processos Judiciais Envolvendo Fraudes nos Empréstimos do INSS

O escândalo do roubo de mais de R$ 90 bilhões em empréstimos consignados pelo INSS precisa ser esclarecido: por isso, os deputados do NOVO apresentaram dois requerimentos de informação sobre ações judiciais relacionadas a descontos em empréstimos dessa categoria que beneficiaram o instituto de previdência nos últimos 10 anos. Ambos os requerimentos foram protocolados na […]
Guilherme Kilter e Jeffrey Chiquini protocolaram uma ação contra a viagem ilegal de Janja à Rússia (créditos: reprodução).

Após Viagem de Janja para Rússia, Guilherme Kilter e Jeffrey Chiquini Acionam Justiça Federal para Barrar Viagens Internacionais da Primeira-dama com Dinheiro Público

A primeira-dama, Janja, não tem o direito de utilizar dinheiro público para realizar viagens representando o governo brasileiro, como faz na viagem à Rússia: por isso, o vereador de Curitiba, Guilherme Kilter (NOVO), e o advogado Jeffrey Chiquini, filiado ao NOVO, entraram com uma ação na justiça para barrar este absurdo. Os dois representantes do […]
Marcel van Hattem solicitou a presença do ministro Ricardo Lewandowski para esclarecer o asilo político concedido à ex-primeira-dama corrupta do Peru (créditos: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados).

FAB Usada para Resgatar Ex-primeira-dama Corrupta do Peru: Câmara Aprova Pedido de Marcel van Hattem para Convocar Ricardo Lewandowski para Esclarecer o Caso

O governo brasileiro precisa explicar por que usou recursos públicos, por meio da Força Aérea (FAB), para resgatar a ex-primeira-dama corrupta do Peru, Nadine Heredi, quando ela estava prestes a ser presa: é por isso que o deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS) pediu a convocação do ministro da Justiça do governo Lula, Ricardo Lewandowski, para […]