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Editorial – Crianças trans: entre a ideologia e a realidade
Dependendo do estudo que se toma como base, entre 0.002% a 0,5% das crianças e adolescentes sofrem da sensação de incompatibilidade entre o corpo e sua autoimagem sexual. Enxergam-se como meninos num corpo feminino ou vice-versa. O fenômeno, chamado de disforia de gênero, provoca um incômodo persistente com o próprio corpo e a idealização em mudar de sexo.
Diante desses casos, ativistas de esquerda correm para defender intervenções médicas, como o bloqueio hormonal da puberdade e as cirurgias de redesignação sexual, sob o temerário argumento de que “crianças trans existem”, como afirmavam cartazes da Parada do Orgulho LGBT no último fim de semana.
Pesquisas recentes colocam em dúvida a necessidade e a eficácia de intervenções médicas de transição sexual para a saúde mental dos adolescentes. Revelam uma grave falha ética de médicos que promovem tratamentos experimentais sem alertar pais e pacientes quanto aos riscos e efeitos colaterais dos procedimentos.
Uma pesquisa de 2021, publicada no periódico científico Frontiers in Psychiatry, concluiu que 88% dos jovens que sofriam de disforia de gênero trataram a questão naturalmente até o fim da adolescência, na maioria das vezes identificando-se como homossexuais. Sem necessitar de terapias hormonais ou cirurgias de transição sexual.
Empurrar crianças para a transexualidade não é apenas desnecessário na maioria das vezes, mas sem eficácia estabelecida pela comunidade científica.
Por conta de conclusões como essas, países europeus têm voltado atrás no tratamento dos jovens em conflito com sua identidade sexual. Em 2020, a Suécia decidiu priorizar o atendimento psicológico a intervenções médicas.
A decisão desses países faz todo sentido. Diante da falta de consenso médico e tendo em vista que muitas intervenções têm caráter definitivo, recomenda-se cautela. Médicos e ativistas condenam jovens a um caminho sem volta quando os utilizam como cobaias de suas aventuras ideológicas.
Essa maturidade da discussão, porém, ainda não chegou no Brasil. É bastante preocupante a notícia, publicada meses atrás pelo G1, de que o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo já realizou terapias de bloqueio de puberdade em 280 crianças e adolescentes, sendo que cem deles tinham de 4 a 12 anos de idade. É urgente investigar, de modo imparcial e responsável, a eficácia e as consequências desse tipo de prática.
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