Governo Zema, com o Vale do Lítio, Desenvolve Região Mais Pobre de Minas

2 de agosto de 2024

O projeto Vale do Lítio, idealizado pelo governo de Romeu Zema (NOVO) em Minas Gerais, tem se mostrado importante para o desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha, localizado nas regiões norte e nordeste do estado.

Historicamente, o Vale do Jequitinhonha tem um dos piores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, mas isso está mudando com a iniciativa do governo Zema.

O projeto Vale do Lítio é uma articulação de várias entidades governamentais, estaduais e municipais, para atrair empresas, investimentos e desenvolver a exploração do mineral em 14 cidades.

São elas: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Rubelita, Salinas, Teófilo Otoni, Turmalina e Virgem da Lapa.

Em pouco mais de um ano de atividade, o programa já demonstra resultados significativos, como atesta Zema. “O Vale do Lítio já é uma realidade. Temos mais de R$ 5 bilhões em investimentos, 10 mil empregos direitos e indiretos criados, mas queremos mais”, destacou o governador.

Vale do Lítio atrai investimentos internacionais

O Vale do Lítio foi lançado em Nova Iorque, na Nasdaq, a maior bolsa de valores do mundo em negócios de tecnologia, e ocorreu em 9 de maio de 2023.

A ideia da divulgação na bolsa internacional foi mostrar para o mundo o potencial econômico que o projeto tem.

Isso é ressaltado pela importância do lítio para o desenvolvimento de baterias elétricas, o que é fundamental para a transição energética e a redução das emissões de carbono.

Dessa forma, o projeto tem como objetivo, além de extrair o metal, a fabricação de produtos de alto valor agregado. Assim, o Vale do Lítio busca capacitar a mão de obra local nessa atividade, contribuindo para o desenvolvimento educacional.

Cinco empresas de grande porte se instalaram na região e duas já estão exportando o metal.

A produção e as exportações de lítio contribuíram para o aumento significativo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nos municípios de Araçuaí e Itinga, registrando um crescimento de quase 30% e 20%, respectivamente, entre 2018 e 2021.

Minas tem um diferencial a nível mundial

O Brasil é um dos países com maior potencial de mineração de lítio, junto com Chile, Argentina, EUA, Canadá e Austrália. Apesar disso, o Vale do Lítio possui uma série de vantagens em comparação com outros locais.

Primeiramente, o lítio encontrado em Minas é altamente puro, o que facilita seu uso na produção de baterias com maior potência.

Além disso, a mineração no estado demanda menos água do que os métodos tradicionais, o que torna o processo menos prejudicial ao meio ambiente.

Pesquisas do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) também apontam que existem 45 jazidas no Vale do Lítio com grande potencial de exploração.

Isso pode multiplicar em 20 vezes as já conhecidas reservas minerais. Dessa forma, a mineração do metal se torna uma atividade de longo prazo.

Empreendimentos nascem e crescem no Vale do Lítio

A mudança mais interessante são os pequenos negócios que surgiram e cresceram no vale. De hotéis a restaurantes, o comércio local e prestadores de serviços estão se beneficiando dos investimentos gerados pela mineração.

De acordo com a Junta Comercial de Minas Gerais, no primeiro quadrimestre de 2024, o Vale do Lítio apresentou um salto no número de empreendimentos criados em comparação com o ano passado.

O saldo foi de 268 negócios, sendo 717 empresas criadas e 449 extintas. No ano inteiro de 2023, o saldo foi de 302 (649 negócios abertos e 347 fechados).

O destaque nesse contexto é Teófilo Otoni, a maior cidade da região (abrigando 140.937 habitantes de acordo com o censo de 2020), e a crescente se repete nas cidades menores.

Em 2023, foram criados 199 negócios no município durante os primeiros quatro meses do ano e, em 2024, o número foi de 202.

Segundo a Junta Comercial, 71% dos negócios abertos em Teófilo Otoni são do setor de serviços, 26% no comércio e 3% na indústria. Outro dado relevante: 75% dos CNPJs concebidos na cidade são de MEIs e 21% de microempresas.

Isso demonstra que as pessoas estão sendo estimuladas a empreender para atender à demanda trazida pelo crescimento econômico do vale.

Uma oportunidade para empreendedores de todos os tamanhos

Eliana Pereira dos Santos, de 54 anos, é uma dessas empreendedoras. Há 22 anos fazendo salgados, ela começou porque queria ter seu próprio negócio.

“Eu queria ser dona de um negócio, porque sempre trabalhei em casa de família e era tudo muito difícil. Mas eu pensei: ‘Meu Deus, eu não vim ao mundo só pra isso’”, disse em entrevista à Gazeta do Povo.

Com a ajuda do marido, Eliana começou a vender salgados que preparava em casa. Porém, depois de duas décadas em atividade, ela estava pensando em parar, até que o surgimento de novos investimentos no vale apresentou uma chance de crescimento.

Oportunidade de crédito no Vale do Lítio

Duas clientes de Eliana falaram sobre um projeto de microcrédito e, apesar de ficar desconfiada inicialmente, a vendedora decidiu arriscar.

“Elas me falaram que eles (do programa de microcrédito) iam conceder empréstimo de R$ 2 mil, com 6 meses de carência, parcelas fixas e o juro era baixinho. Eu falei: ‘isso é golpe’”, lembrou.

Mas quando ela verificou que era um programa confiável, passou a indicar para outras mulheres.

A linha de microcrédito que Eliana utilizou é o Fundo “Dona de Mim”, iniciativa apoiada pela Mineradora Sigma, que busca oferecer recursos para microempreendedores.

O financiamento, juntamente com o movimento gerado pela mineração do lítio, trouxe um impulso para os empreendimentos.

“Comprei meu forno, passei a ter uma mercadoria de mais qualidade, tive contato com outras pessoas. Eu tenho vários clientes que trabalham na empresa, porque a partir do momento que você está no projeto, eles divulgam o que a gente faz”, relatou.

Eliana também comentou que ao longo desse processo, conheceu outras comerciantes e elas estão formando uma rede de fornecedores.

“Se você me ligar e encomendar um salgado, eu vou te falar da minha amiga que faz docinhos, tem outra que faz personalizados, tem as do artesanato. Nós nos unimos e eu vejo uma cidade completamente diferente”, comemorou.

Secretário confirma o desenvolvimento com o Vale do Lítio

O secretário de desenvolvimento econômico, Fernando Passalio, afirma que os resultados atuais superaram as expectativas iniciais do Vale do Lítio, que ainda tem o potencial de crescer e melhorar a qualidade de vida da população ainda mais.

“O hotel que nós ficamos (em referência a uma visita feita por líderes do governo em abril deste ano) em Araçuaí dobrou de tamanho, foi construído mais um prédio para atender a demanda da região. E nós estamos falando de emprego, de renda, de circulação de riquezas. Isso tudo é sentido no dia a dia de quem mora na região”, destacou.

Empreendedores aprovam desenvolvimento do Vale do Lítio

Maurício Andrade, de 64 anos, é dono de uma pousada em Araçuaí desde a década de 80 e reconhece que a situação melhorou recentemente.

“Eu sabia que os investimentos iam crescer aqui um dia. E realmente começou a chegar o pessoal agora. Construí outro hotel. Depois, construí um anexo em cima dele”, contou em depoimento à Gazeta.

Dos 71 apartamentos do hotel, 35 foram inaugurados há pouco tempo. O empresário disse que tem visto uma série de novos negócios chegando ao município e que a demanda está crescendo.

Ele aumentou a equipe em 50% nos últimos meses, aumentou salários e hoje conta com 18 funcionários.

“Você não acha um pedreiro para trabalhar, porque está todo mundo com muito serviço. Para segurar a pessoa, tem que aumentar o salário, pois tem muita oportunidade de emprego”, destacou.

Participação de empresas internacionais

A extração do lítio é feita principalmente pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL), em atividade desde 1991, e pela Sigma Lithium, que começou a operar em 2023.

Além disso, outras mineradoras pretendem investir na região, como Atlas Lithium, Lithium Ionic e Latin Resources.

A mineração também gerou um aumento considerável na arrecadação por Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). O índice disparou de R$ 1,419 milhões em 2019 para R$ 55,1 milhões em 2023.

Passalio aponta que outras companhias, que estão em fase de licenciamento ambiental, deverão iniciar operações em 2024 e o estado continua buscando investimentos.

“Nossa meta é continuar atraindo investimentos para o estado. A bola da vez é o Vale do Lítio, porque estamos falando da transição energética, que é um assunto em pauta no mundo. E uma vez que o lítio que nós temos naquela região é de alta qualidade, com custo excelente para a extração, empresas globais que têm vindo para a região”, enfatizou.

O  Vale do Lítio também estimulou o aumento de processos de mineração registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM), o que comprova o crescente interesse pelo recurso.

Até abril de 2024, o índice de processos relacionados à pesquisa de lítio chegou a 1,9 mil, o que é um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

Vale do Lítio contribui para a exportação

As exportações de produtos da cadeia de lítio totalizaram US$ 496,8 milhões em 2023, sendo Minas Gerais responsável por 99,3% das exportações do Brasil nessa área.

Os principais mercados são China (98,7%), França (0,7%) e Reino Unido (0,2%), revelando a importância internacional do Minas no mercado de lítio.

Apesar disso, Passalio enfatizou que ainda existem desafios para os empresários nacionais e estrangeiros. Entre eles, a situação precária da BR-367, de responsabilidade do governo federal, o que limita o desenvolvimento local.

“Um trecho que liga Araçuaí a Itinga está perigoso, colocando a vida das pessoas em risco e tirando renda das empresas das duas cidades. São buracos atrás de buracos e é muito comum nós vermos acidentes naquela região”, destacou.

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