Editorial: Voluntários na tragédia do Rio Grande do Sul são o melhor exemplo de ordem espontânea

14 de maio de 2024

A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul ensinou duas importantes lições para a população brasileira. A primeira diz respeito à ineficiência das nossas instituições. Apesar da tentativa do governo federal em controlar a narrativa, acusando críticos de criarem “fake news”, a indignação das pessoas com a resposta dos órgãos públicos é evidente. Mais uma vez, o cidadão sentiu que não pode contar com o Estado. Mais uma vez, o cidadão percebeu que o Estado é presente onde não é necessário, e ausente onde seria essencial.

A segunda lição diz respeito à compaixão. A quantidade de doações e o esforço de voluntários, que salvaram centenas de vidas, mostraram o que há de melhor no nosso povo. Mostraram, também, que a organização espontânea da sociedade civil é o maior recurso produtivo e criativo que nós possuímos.

Importantes pensadores liberais abordaram a ideia de ordem espontânea. Para Friedrich Hayek, trata-se de um sistema comportamental complexo e coordenado de ações e comportamentos sem necessidade de organização central. Embora Hayek não tenha correlacionado ordem espontânea e caridade ou trabalho voluntário, é possível observar a ordem espontânea surgida em resposta à crise que se abate sobre o Rio Grande do Sul e como está de acordo com seus conceitos.

As cheias causaram caos na organização social gaúcha e expuseram a falta de preparo e planejamento do poder público para situações de crise, mesmo com o histórico brasileiro de desastres naturais por conta das chuvas. Em 2023, as regiões de Lajeado e do Vale do Taquari já sofreram graves danos com enchentes, mas muito pouco foi feito em termos de prevenção. Imagens compartilhadas em redes sociais revelam a precariedade de equipamentos e dificuldade logística das Forças Armadas para atuarem no salvamento das vítimas.

De outro lado, a atuação de indivíduos com trabalho voluntário, salvamentos e doações tem sido o centro dos fatos relevantes. Sem um planejamento centralizado, grupos diversos em diferentes regiões do país colaboram de maneira rápida e eficaz para aplacar o drama dos gaúchos. São milhares os registros de pessoas em botes e jet-skis trabalhando no resgate daqueles que estão ilhados. Profissionais das áreas médica, engenharia, veterinária e tantas outras têm ido ao Rio Grande do Sul para colaborarem. Cidadãos comuns em ação para a reconstrução de um dos principais estados do país. A ordem espontânea que se seguiu à tragédia comprova  uma forte capacidade de coordenação de ações e recursos que dificilmente ocorreria mediante o lento e ineficiente planejamento do poder estatal.

O NOVO tem dentre suas bandeiras históricas a valorização do indivíduo e o questionamento quanto à capacidade estatal em proporcionar bem-estar. Os acontecimentos no Rio Grande do Sul comprovam que nenhum planejamento centralizado é capaz de suplantar a força de vontade do cidadão.

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