Editorial: O nome errado caiu pelo motivo errado

15 de maio de 2024

A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras é mais um capítulo da saga intervencionista do PT. Não que Prates fosse um grande nome para gerir a maior empresa do Brasil – muito longe disso. Petista de carteirinha, o agora ex-presidente da estatal caminhava sobre  uma linha tênue: de um lado, seguir os mandos e desmandos de Lula na empresa; do outro, não quebrar a Petrobras e matar a galinha dos ovos de ouro, como o PT já fez no passado. 

Prates agiu como um bom soldado. Seguiu a cartilha da esquerda e pôs fim à política de Preço de Paridade Internacional (PPI) e até cedeu na polêmica retenção dos dividendos para os acionistas. Mas Lula quer mais. O presidente quer retornar às velhas práticas e usar a empresa como braço industrial do desenvolvimentismo petista. 

A principal crítica de Lula à gestão de Prates era quanto a sua “morosidade” em dar início às obras de ampliação da refinaria de Abreu e Lima e do Comperj, justamente duas das obras mais superfaturadas da história do Brasil e dois poços de corrupção desvendados pela Lava Jato. Em suma, Prates foi demitido porque não acelerou o suficiente em direção aos erros do passado. 

Salvo nos tribunais por interesses pouco republicanos, o PT retornou à cena do crime. Mas as condenações (agora anuladas) não conseguiram afastar o partido dos velhos hábitos de sempre. As empresas que venceram as licitações para dar continuidade ao projeto megalomaníaco de Lula foram nada menos que a Novonor (antiga Odebrecht) e a Andrade Gutierrez, construtoras condenadas na Lava Jato e que confessaram seus crimes.

O PT segue disposto a reproduzir as práticas que financiaram ilegalmente campanhas, causaram inflação e quase levaram à bancarrota uma das maiores petroleiras do mundo. E, para isso, precisa de alguém que compartilhe do mesmo senso de urgência e disposição para atropelar protocolos institucionais e regras de mercado. Talvez Prates não fosse essa pessoa. Talvez Magda Chambriard, diretora geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível no governo Dilma, consiga entregar uma gestão ainda mais alinhada com os interesses do partido na presidência.

O PT se coloca acima do bem e do mal. Para o projeto de poder do partido, nenhum meio está fora dos limites. Não vão hesitar em minar a credibilidade da Petrobras, esculhambar sua governança, comprometer seu lucro e menosprezar os acionistas privados. Não há argumento mais forte pela privatização de estatais do que a gestão petista.

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