A derrota de Maduro será a vitória da Venezuela

17 de julho de 2024

Após décadas sob uma ditadura brutal, o povo venezuelano vive a expectativa de dias melhores. Desde a ascensão do chavismo no país caribenho, a subsequente degradação político-institucional impossibilitou a alternância de poder. O ditador Nicolas Maduro exerce pleno controle sobre o Legislativo e o Judiciário, corrompidos pelos petrodólares, e que servem apenas para referendar as decisões do herdeiro de Hugo Chávez. Apesar de todas as ações golpistas do governo ao longo dos últimos anos, a oposição resiste sob a liderança de María Corina Machado, o rosto de uma Venezuela que se nega a sucumbir ao socialismo.

Anos de medidas econômicas fracassadas, perseguição política e violência generalizada acarretaram a atual diáspora venezuelana, em que milhões de refugiados procuram alento nos países vizinhos. Há tempos, o colapso venezuelano deixou de ser um problema restrito àquele país: só a Colômbia já recebeu quase 3 milhões de venezuelanos. No Brasil, mais de 80% dos pedidos de refúgio são de cidadãos que tentam escapar da ditadura chavista. A crise levou países latino-americanos a pressionarem Maduro por uma negociação a fim de garantir-se eleições minimamente livres. Em outubro de 2023, governo e oposição firmaram o Acordo de Barbados para a realização de eleições presidenciais no país até o fim de 2024. Mesmo tendo à disposição todo o aparato institucional e militar para perpetuar-se no cargo, Maduro decidiu tirar María Corina Machado do jogo. Para substituí-la, a coalizão Plataforma Unitária Democrática, que luta contra a máquina chavista, indicou a candidata Corina Yoris. Entretanto, a substituta também foi barrada pela ditadura. Assim, a oposição lançou um terceiro candidato, que concorrerá oficialmente no próximo dia 28 de julho à presidência, caso Maduro não invente mais um de seus truques golpistas.

A continuidade de Maduro no poder ampliará o calvário dos venezuelanos. A Venezuela vive a maior crise econômica, humanitária e social da história da América Latina. Oito milhões de pessoas fugiram do país durante a última década, no que se constitui a pior crise migratória da história do continente.  O período coincide com a chegada de Maduro à presidência. O número de refugiados é superior ao de países em guerra, como Ucrânia ou Síria. A diferença é que a única guerra travada em território venezuelano é a do governo socialista contra seu próprio povo, causando miséria e caos. Nove em cada dez venezuelanos vivem abaixo da linha da pobreza.

Diz uma antiga anedota que se os socialistas administrassem o Deserto do Saara, em poucos meses faltaria areia. Não é exagero. Detentora das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela vê uma elite político-militar enriquecer mediante assalto aos cofres públicos, enquanto a maior parte população passa fome. A economia do país encolheu impressionantes 70% na última década. A inflação é a maior do mundo há anos. As prateleiras de supermercados e farmácias estão vazias, imagem típica do desabastecimento em economias planificadas. O governo venezuelano pratica aquilo que os socialistas se acostumaram a fazer mundo afora: controle de preços, expropriação de propriedades privadas, perseguição a empreendedores e cadeia ou morte a quem ousa criticar o desastre de suas ações. Milícias bolivarianas ameaçam e oprimem quem ousa levantar-se contra a ditadura. Caracas é uma das cidades mais violentas do planeta.

A vitória da oposição venezuelana no próximo dia 28 de julho será o primeiro passo para a reconstrução de nosso vizinho. Mas vencer as eleições não será suficiente. Será preciso garantir que a oposição assuma o poder e execute reformas institucionais para que possa governar sem o boicote das forças chavistas que dominam os poderes após décadas de tirania.

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