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Editorial: Apoio do governo ao Hamas insulta as vítimas do terrorismo
Michal Ben David deu à luz em dezembro, mas seu filho não pôde conhecer o avô. Após meses de aflição dos familiares, hoje, o exército israelense confirmou a morte do israelo-brasileiro Michel Nisenbaum, nascido em Niterói, pai de Michal e mais uma vítima do terrorismo do Hamas. Além dele, também foram assassinados no fatídico 7 de outubro passado os brasileiros Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Stelzer. No total, mais de mil inocentes morreram nas mãos de um grupo que o governo brasileiro se recusa a chamar pelo que é: terrorista.
As notas públicas do governo brasileiro sobre as mortes são coniventes com os crimes, pois jamais condenam os criminosos. Como se sabe, o Hamas é parceiro de longa data de Lula e do Partido dos Trabalhadores. Recentemente, Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial da Presidência da República, elogiou o fato de o Hamas desempenhar um papel central na política palestina. Amorim diz-se um defensor do diálogo para a solução do conflito na região, mas seu entusiasmo ignora o único idioma que os terroristas sabem falar: o da eliminação de Israel por todos os meios necessários.
A morte de brasileiros, neste bárbaro contexto, torna ainda mais vergonhosa a postura do atual governo brasileiro diante dos terroristas. Da leniência ao apoio, o Hamas conta com um poderoso aliado sul-americano.
Ao mesmo tempo em que manifestou “solidariedade aos familiares e amigos de Michel”, Lula absteve-se de condenar os responsáveis pela sua morte. Pela nota do presidente, poderíamos inferir que Nisenbaum faleceu de causas naturais, e não pelas mãos de um grupo armado que usa a violência como meio para fins políticos.
Para quem conhece a relação entre o Partido dos Trabalhadores e o Hamas, essa postura não é surpresa. Em 2010, o presidente Lula defendeu a inclusão do Hamas nas discussões sobre a paz no Oriente Médio. No mesmo ano, o chanceler Celso Amorim admitiu que o governo tinha “contatos informais” com o Hamas. Já em 2021, um grupo de parlamentares petistas divulgou uma nota de apoio ao Hamas, se opondo à sua classificação como um grupo terrorista. Entre os signatários, estão dois atuais ministros do governo, Alexandre Padilha e Paulo Pimenta. Não custa também lembrar de nomes como o de Sayid Marcos Tenório, que trabalhou no governo de Dilma Rousseff, e foi demitido do cargo de assessor de um deputado do PCdoB por zombar de uma das vítimas do 7 de outubro.
Por falar em Dilma, foi durante o governo dela que o Brasil passou vergonha internacional ao ser classificado como “anão diplomático” pelo chanceler israelense. Nos governos petistas, a diplomacia brasileira tem servido como fiadora da legitimidade do Hamas como instituição representativa dos palestinos.
Isso tem consequências. Enquanto a maioria da população palestina sofre com a miséria em Gaza, o Hamas, que controla a região, consegue financiar sua máquina de violência, utilizando-se de doações humanitárias e valendo-se de escolas e hospitais para manter sua máquina de guerra.
O apoio petista ao terrorismo do Hamas se torna ainda mais grave quando comparada às duras críticas que o presidente faz a Israel. Em mais de uma ocasião, Lula denunciou o que chama de “genocídio” israelense em Gaza. Como já mencionamos neste espaço antes, não há qualquer equivalência moral entre os dois lados. Palestinos em Israel têm seus direitos respeitados, e podem votar e participar de eleições. Não há judeus vivos na Palestina dominada pelo Hamas.
Para entender a postura do PT, e da esquerda em geral, em relação ao Hamas não é preciso de um longo tratado de geopolítica. A lógica é quase infantil em sua simplicidade: Israel é o principal aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, e a esquerda é antiamericana. Esta lógica jurássica, que já seria deplorável mesmo quando o Muro de Berlim ainda estava em pé, explica por que o atual governo reluta em condenar os terroristas que assassinaram tantos inocentes, dentre eles quatro brasileiros. O Brasil deve imediatamente reconhecer o terrorismo do Hamas e submeter sua diplomacia ao diálogo com grupos palestinos que verdadeiramente desejem uma composição construtiva com Israel em busca da paz na região. A política externa brasileira não deve jamais servir de escudo ideológico ao projeto de um partido político em favor de homicidas.