Aliado de Lula, Maduro debocha do Brasil

25 de julho de 2024

Nicolas Maduro resolveu debochar do Brasil. Após Lula haver dito que ficou “assustado” com as falas de Maduro sobre um provável banho de sangue caso perca as eleições do próximo dia 28, o ditador venezuelano mandou Lula tomar um chá de camomila. A resposta é indigesta para o petista, cujos governos oscilam entre a condescendência e o apoio direto a regimes autoritários latino-americanos, e mais uma vergonha para a política internacional do país.

Há mais de uma década, o ditador Nicolas Maduro promove contra o povo venezuelano uma das maiores catástrofes contemporâneas em termos econômicos, sociais e de direitos humanos. Oito milhões de pessoas já fugiram do caos que se tornou o país caribenho, com violência generalizada, perseguição política, eleições fraudulentas, inflação fora de controle e empobrecimento acelerado. A questão venezuelana deixou há anos de ser um problema interno do país, já que os refugiados buscam abrigo em países do continente, especialmente na Colômbia, nos EUA e no Brasil. Nosso país, infelizmente, tem responsabilidade na perpetuação de Maduro no poder.

Durante os governos Lula e Dilma, o Brasil manteve relações íntimas com Chávez e Maduro por meio de sua diplomacia, sobretudo no âmbito da UNASUL e do Mercosul, e no financiamento de projetos de infraestrutura em território venezuelano com dinheiro do BNDES, uma maneira de repassar dinheiro público brasileiro a governos aliados no exterior. Para além da parte oficial, delatores da Lava Jato como o ex-ministro Antônio Palocci e o marqueteiro João Santana acusaram o governo petista de financiar ilegalmente campanhas políticas em El Salvador, na República Dominicana, em Angola e na Venezuela. Por mais de uma vez, ao ser confrontado com o caos vivido pelos venezuelanos, Lula afirmou tratarem-se de questões internas daquele país, e que intervenções externas jamais deveriam ocorrer. A única intervenção externa admitida pelo petista, ao que parece, é aquela feita com dinheiro do BNDES.

O apoio histórico dos governos petistas à ditadura venezuelana, no entanto, resta insuficiente ao criminoso Nicolas Maduro. As atitudes golpistas do mandatário venezuelano para boicotar a participação da oposição nas eleições causaram estranheza até no companheiro Lula, que se disse assustado com a previsão do dito “banho de sangue” em caso de derrota do regime chavista. Maduro recomendou a Lula chá de camomila, mas o melhor ao presidente brasileiro é beber um chá de boldo para amenizar a azia causada por sua indigesta parceria com o ditador venezuelano.

O caudilho bolivariano não limitou seu desdém ao aliado petista. O ditador ainda enalteceu o regime venezuelano como portador do “melhor sistema eleitoral do mundo”, criticando uma suposta falta de auditoria nas eleições americana e brasileira. Governando um país que há muito deixou de ter qualquer resquício democrático, Maduro reprime e assassina opositores, aparelha as instituições e boicota candidaturas de oposição. Em meio a tantos crimes, Maduro ainda se acha no direito de lecionar a americanos e brasileiros sobre democracia.

Lula nunca precisou de camomila para lidar com ditadores. O presidente reserva sua exasperação a democracias como EUA e Israel. A diplomacia de Lula e Amorim tem por hábito falar grosso com nações livres, e fino com tiranetes latino-americanos. Basta lembrar da patética reação brasileira ao roubo de uma refinaria da Petrobras pelo governo de Evo Morales, ainda em 2006. Ou das diversas vezes que Lula afagou Daniel Ortega e os irmãos Castro, todos notórios ditadores.

A situação venezuelana é grave e demanda atuação enérgica do Brasil. Com o atual governo, no entanto, não há que se criar expectativas. Quando toma uma prensa de ditador latino-americano, Lula costuma tomar um chá de sumiço.

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