Esses cookies são imprescindíveis para a operação do nosso Site, para habilitar as principais funções do Site, garantir a segurança do Site e gerenciar a rede. Eles podem ser chamados de cookies \"estritamente necessários\" ou \"essenciais\". Sem esses cookies, o Site não irá funcionar corretamente. Eles incluem, por exemplo, cookies que permitem lembrar suas preferências de cookies e equilibrar a carga de rede, que você faça login em áreas seguras do nosso Site e acesse contas de usuário ou formulários on-line.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, você precisará ativar ou desativar os cookies novamente.
Zema lança programa ‘Todos por Minas’ para resgatar o estado da crise fiscal
A equipe do governador de Minas Gerais Romeu Zema (NOVO) apresentou, na última quarta-feira (9/10) o programa “Todos por Minas”, com uma série de ações voltadas a resgatar o estado da grave situação financeira em que se encontra e que têm, por objetivo, adequar o estado para pedir a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) proposto pelo governo federal, que socorre entes em dificuldades financeiras.
Com um passivo de despesas herdadas da administração anterior e não pagas da ordem de R$ 34,5 bilhões e um orçamento deficitário em R$ 15,1 bilhões para 2019, o governador vai encaminhar para a Assembleia Legislativa, medidas, descritas em projetos de lei, para devolver a esperança de um futuro melhor ao povo mineiro.
Em coletiva de imprensa, ao lado dos secretários de estado de Fazenda, Gustavo Barbosa; de Planejamento e Gestão, Otto Levy; e de Governo, Bilac Pinto; além do advogado-geral do Estado, Sérgio Pessoa; o governador destacou que o programa “Todos por Minas” requer a união da sociedade civil organizada, dos poderes e dos mineiros para a construção de um futuro promissor. “Peço a todos um voto de confiança. Temos uma equipe altamente qualificada, que trabalha dia e noite com um único propósito: resgatar Minas Gerais”, disse Romeu Zema.
Em acordo com o Legislativo, o Executivo apresenta, inicialmente, três projetos de lei:
Romeu Zema deixou claro que esse é o primeiro passo para a adesão ao RRF e afirmou que outros projetos serão encaminhados, gradativamente, sempre em acordo com a Assembleia Legislativa.
A adesão ao Regime de Recuperação resultará no reequilíbrio das contas, fazendo com que o Estado preste serviços de melhor qualidade, honre dívidas com fornecedores e retome o pagamento em dia do funcionalismo. O Governo terá um prazo para se estruturar e voltar a pagar sua dívida, de R$ 108 bilhões.
O “Todos por Minas” tem prazo de vigência de três anos, podendo ser prorrogado por igual período. Nos três primeiros anos, há a suspensão da dívida mineira junto à União. A partir do quarto ano, começa o pagamento gradativo, que volta a ser de 100% da parcela no sexto ano. Isso representará um alívio de caixa para o Estado.
Hoje, o Governo de Minas não paga a dívida por força de liminares conseguidas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Se essas liminares não se mantiverem, o Estado terá de pagar, imediatamente, R$ 9,4 bilhões. O valor corresponde a quase três folhas mensais de pagamentos. O STF condicionou a permanência das liminares à negociação do Estado com o Tesouro Nacional para a adesão ao regime de recuperação fiscal.
Conforme estudos da Secretaria de Fazenda e do Tesouro Nacional, as contas públicas mineiras são fortemente afetadas pelo gasto previdenciário. Para este ano, a diferença entre o que se arrecada para quitar essa despesa e o que é pago aos beneficiários será de R$ 18 bilhões. Isso é dinheiro do Tesouro Estadual para cobrir o rombo. A despesa só crescerá ao longo dos anos e, ao final de 2021, alcançará R$ 78 bilhões em déficit
Codemig
A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) é detentora do direito de exploração de uma jazida de nióbio em Araxá, no Triângulo Mineiro. O município concentra a maior parte das reservas mundiais do minério de nióbio. O metal é utilizado, principalmente, em ligas de aço para torná-las mais fortes, resistentes e maleáveis.
Para explorar, processar e comercializar o nióbio, a Codemig constituiu com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), titular de direitos de exploração de outra mina, uma sociedade (Comipa) para a qual arrendaram seus direitos de lavra. A CBMM é responsável pelo beneficiamento, industrialização e comercialização do nióbio, repassando para a Codemig 25% do lucro líquido da operação.
A parceria entre a Codemig e a CBMM foi estabelecida em 1972 e renovada até 2032. O Estado não domina as atividades de exploração, processamento e comercialização do nióbio.
O Executivo estadual não deve exercer atividade econômica típica do setor privado, e nem tampouco correr os riscos de tal negócio. Deve, sim, concentrar esforços em atividades de relevante interesse coletivo como Educação, Saúde e Segurança.
Para financiar suas atividades essenciais, o Estado deve utilizar suas fontes básicas de recursos, que são a tributação e os repasses. A dependência de recursos provenientes de atividade empresária de domínio privado, com complexa estrutura societária e riscos de descontinuidade, configura uma incerteza à qual o Estado, como garantidor dos serviços públicos essenciais, não deve se submeter.
Cenário encontrado
Para entender o “Todos por Minas”, é preciso uma imersão nas contas do Executivo estadual.
Em 31 de dezembro de 2018, constava no Estado uma dívida herdada de R$ 34,5 bilhões, sendo R$ 28,2 bilhões em restos a pagar, que são contas em atraso com fornecedores e prestadores de serviços, por exemplo.
O déficit orçamentário para este ano estava previsto em R$ 11,4 bilhões. Porém, as secretarias de Planejamento e Gestão e de Fazenda revisaram o número para R$ 15,1 bilhões.
O desequilíbrio do Estado é estrutural. O gasto com pessoal é o que mais pressiona as contas públicas. Nele, está inserida a despesa para cobrir o déficit da Previdência. Para este ano, o Tesouro terá que desembolsar R$ 18,7 bilhões para pagar o déficit previdenciário. Se nada for feito, esse valor subirá para R$ 78 bilhões até 2022.
A dívida pública mineira é outro fator de atenção. Ela chega a R$ 116 bilhões. Atualmente, essa dívida não está sendo amortizada, em função de efeitos decorrentes de decisão judicial de caráter liminar. No entanto, a suspensão dos pagamentos gera encargos financeiros pelos atrasos, aumentando o passivo estadual.
Pré-requisitos para adesão ao plano de recuperação da União
De acordo com a Lei Complementar nº 159, de 19 de maio de 2017, os três pré-requisitos cumulativos para que o Estado possa se habilitar a entrar no plano são:
1) Receita Corrente Líquida anual menor do que a Dívida Consolidada ao final do exercício anterior ao do pedido de adesão. Em Minas Gerais, em 31 de dezembro de 2018, a Dívida Consolidada era de mais de R$ 108 bilhões e a Receita Corrente Líquida algo próximo de R$ 60 bilhões.
2) Despesas liquidadas com pessoal, juros e amortização, somadas, têm que representar, no mínimo, 70% da Receita Corrente Líquida auferida em exercício financeiro anterior ao do pedido. Infelizmente, Minas Gerais está com quase 90%. Isso significa uma situação de bastante degradação financeira, uma vez que a Receita Corrente Líquida não suporta o tamanho da despesa de pessoal mais dívidas.
3) Valor total das obrigações contraídas maior que a disponibilidade de caixa e equivalência de recursos sem vinculação. Como no ano passado, as obrigações financeiras eram superiores a R$ 8,1 bilhões, com disponibilidade de R$ 1,36 bilhão. Com isso, Minas Gerais atende aos três pré-requisitos exigidos para adesão ao RRF.
Minas já superou os limites de despesa de pessoal permitidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal e não consegue pagar as suas dívidas. Segundo avaliação da própria Secretaria do Tesouro Nacional, Minas Gerais é, hoje, o Estado com a situação mais inadequada do país.
O objetivo do programa “Todos por Minas” é trazer o estado para o reequilíbrio econômico-financeiro. Significa dar condições para pagar os salários dos servidores em dia; pagar os empréstimos e também normalizar o pagamento junto a fornecedores. O Todos por Minas é extremamente necessário para reduzir o ritmo de crescimento das despesas e, ao mesmo tempo, ampliar as receitas. Ou seja, permite colocar em prática um conceito básico: diminuir o gasto e aumentar a arrecadação.
Para alcançar esse objetivo, o Estado precisa de liquidez, de recursos em caixa. É aí que entra o Todos por Minas que, já no primeiro momento, torna possível a suspensão do pagamento da dívida com a União sem a incidência de multas e juros, o que não é o caso quando a suspensão da dívida é obtida por meio de liminar. Só isso já é um processo que alivia consideravelmente o caixa. O Todos por Minas também permite que o Estado vá ao mercado buscar crédito para tornar possíveis os pagamentos de curtíssimo prazo, por exemplo, os salários dos servidores.
Minas Gerais não ficará obrigado a permanecer no regime até o final do 6º ano. O plano é uma adesão. Se, ao longo dele, o estado conseguir independência econômico-financeira, poderá sair a qualquer momento.
A suspensão total do pagamento da dívida dura três anos. A partir do quarto ano, começa o pagamento gradativo, que volta a ser de 100% no sexto ano.
É fundamental que todos estejam bem informados e unidos por Minas Gerais. Resgatar o estado da crise fiscal será vital para o cumprimento de suas obrigações junto ao funcionalismo e fornecer melhores serviços aos mineiros.
Ouça o pronunciamento do governador Romeu Zema na íntegra.
Informações: Agência Minas
Foto: Renato Cobucci/Imprensa MG