NOVO aciona o TCU para investigar farra de dinheiro público com reembolsos de despesas médicas de deputados

19 de outubro de 2021

Montante supera todos os investimentos previstos para este ano na CGU, um dos principais órgãos de combate à corrupção no país

A Câmara dos Deputados pagou, entre janeiro de 2015 e junho de 2021, mais de R$ 40 milhões aos deputados federais, a título de reembolso de despesas médicas e odontológicas. Em um país onde sete a cada dez cidadãos dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para receber tratamento de saúde, a medida, apesar de não ser ilegal, é vista como imoral aos olhos da sociedade brasileira.

Conforme artigo publicado no O Globo, os dados inéditos da Câmara foram levantados pela liderança do NOVO e indicam um montante que supera todos os investimentos previstos para este ano na CGU, um dos principais órgãos de combate à corrupção no país.

Por essas razões, a Bancada do NOVO na Câmara, que considera os reembolsos injustificáveis e absurdos, acionou o Tribunal de Contas da União para investigar o processo de reembolso e avaliar sua possível extinção definitiva.

Todos os 513 deputados federais têm acesso ao plano de saúde da Casa, o Pró-Saúde. Além deste benefício, também contam com o Departamento Médico da Câmara dos Deputados, que oferece atendimento médico e multidisciplinar, em nível ambulatorial e de emergência clínica. Como se não fosse suficiente, os parlamentares ainda podem optar por atendimento médico em rede não conveniada e apresentar a nota fiscal à Câmara para receber o reembolso do valor pago pelo tratamento, independente do custo total.

São reembolsáveis os seguintes bens e serviços: atendimento ambulatorial ou hospitalar, incluindo quimioterapia e radioterapia; exames complementares de diagnóstico; assistência domiciliar; assistência prestada por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais; remoção para outro centro clínico, quando caracterizada a emergência ou a urgência e a inexistência de condições técnicas locais; órteses e próteses; e assistência odontológica.

A bancada do NOVO não utiliza o benefício e acredita que a medida é mais um privilégio cedido a parlamentares. Por essa razão, acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para que o órgão audite o processo de reembolso de despesas médicas e hospitalares da Câmara em termos de operacionalidade e economicidade e proponha correções procedimentais ou até mesmo a extinção definitiva da política de reembolso.

Gastos exorbitantes

O estudo realizado pela Liderança do NOVO indica que o gasto com reembolso entre 2015 e 2021, a título de comparação, é quatro vezes maior do que a previsão de gastos com
investimentos da Controladoria-Geral da União, principal órgão de combate a corrupção do governo Federal, para o ano de 2021; duas vezes maior que a previsão de gastos com investimentos na formação de recursos humanos do governo Federal para o ano de 2021; equivalente à previsão de gastos com investimentos do governo Federal com conservação e preservação ambiental para o ano de 2021.

Ações do NOVO

Além de acionar o TCU, a bancada do NOVO também enviou ofícios ao Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara dos Deputados solicitando todos os reembolsos realizados desde 2015 e ao Secretário de Transparência da Câmara dos Deputados com pedido para que as informações relativas aos reembolsos sejam publicadas proativamente no site da Câmara. O intuito dos parlamentares é garantir a transparência do uso de recursos públicos.

Informações: novonacamara.com.br

Foto: Donatas Dabravolskas/Shutterstock

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